sexta-feira, janeiro 27, 2006

intervalo

"... restava sempre um pequeno intervalo de inimaginável entre a inexactidão da idéia e a precisão da realidade e era precisamente essa lacuna que lhe tirava o sossego. "

Kundera, Milan "A insustentável leveza do ser"

quarta-feira, janeiro 18, 2006

To have one´s heart in one´s mouth

Chupo-te o sangue. Ficas sem pinga. Depois convido-te para um almoço tardio com candelabros. bebes-me as lágrimas e ficamos sem saber se o amor se acaba. Os tempos são negros e os teus olhos àgua contra rochedos. Rochedos onde me estendo e enfeito e tu lavras-me gritos no peito. Acerca-te porque a cerca que nos cerca não serve para desistirmos. Antes despirmos esta roupa que é apenas primeira pele. (O teu beijo sabe um bocadinho a fel...). Faz-me uma declaração de amor. Por escrito. Senão proscrevo-te. Espero que me desates, a escrever ou a qualquer coisa. Não atas. Desmancha os laços. Dá antes nós. Eu podia viver num castelo, que tu podias assombrar. Não era nada diferente dos medos que me trazes, nem do amor que não conseguimos matar. Ou de como nos vão suicidando todas as palavras que não conseguimos falar. pelo menos, ou ao menos por isso, mata-me a sede de sangue. Do teu. Aos borbotões.