segunda-feira, outubro 31, 2005

Fumar é feio...

Vi dois anúncios, um com uma senhora com o dedo no nariz e outro com uma senhora a espremer uma borbulha. Assinatura: feio é fumar!
Sim, fumar é mais feio do que tirar macacos do nariz ou do que espremer uma borbulha cheia de pus no meio da rua, é também mais feio do que cortar as unhas no autocarro, escarrar na rua, tirar a cera do ouvidinho com a unhaca do dedo mindinho, etc.
Fumar faz mal, se é feio ou bonito...
Acham que convencem algum fumador a deixar o vício dizendo que fumar é feio? Se não nos convencem escrevendo em letras garrafais no maços que fumar mata, assim muito menos. Só quem não fuma é que acha que fumar é feio. É preciso agora é convencer os fumadores.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Outono (ou "Em nome do amor puro")

"Em nome do amor puro

(...) Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. estava apaixonado, foi parar a Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se. Quem é que hoje em dia é capaz de se apaixonar assim?
Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
(...) O amor passou a ser passivel de ser combinado.(...) O amor tornou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica da camaradagem.A paixão, que deveria ser desmedida, é na medida do possível.(...)
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há. (...)
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o medo, o desiquilíbrio, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra.
(...)
Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para os compreender, não e para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor é para nos amar, para levar-nos de repente ao céu, a tempo de ainda apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida ás vezes mata o amor. A "vidinha" é uma conveniência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. (...) O amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
(...)
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, (...). A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. "
Miguel Esteves Cardoso
Há dias assim, é do cair da folha.

quarta-feira, outubro 05, 2005

e eu ralada ...

e eu ralada com as eleições....(quer dizer, ralada estou, porque uma pessoa rala-se a pensar que venha quem vier, virá mais do mesmo), acho que deveria ter posto o título de e eu pouco ralada, mas agora já está e não vou apagar. Só pergunto: e não se pode implodi-los??? (eu confesso, esta da implosão, ficou-me no imaginário...gostei mesmo!!!), aos candidatos, às campanhas eleitorais, às comitivas, aos staffs, aos assessores, aos cartazes das campanhas, às urnas de voto (são tãoooo feiosas) aos cubículos de caneta pendurada onde se vota (arghhhhhh), as discursos pós eleição em que ninguém perde (são uma pérola mas : no mercy!), isso é que era implosão a sério, agora: umas torrezitas que nunca fizeram mal a ninuém? tenham dó!
(aceitam-se mais sugestões de implosão e sociedade com implotores/as (isto existe?) sérios e amigos do seu amigo, da sua amiga e do povo em geral)